Emicida despede-se do projeto “AmarElo” com encontro catártico em Porto Alegre

Emicida despede-se do projeto “AmarElo” com encontro catártico em Porto Alegre

O rapper, cantor e compositor subiu ao palco do Pepsi On Stage com a turnê “AmarElo – A Gira Final” no último sábado, dia 6

Correio do Povo

Emicida apresentou o show da turnê "AmarElo - a Gira Final", no sábado, dia 6 de abril, no Pepsi On Stage, em Porto Alegre

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“É uma noite de celebração, Porto Alegre”. Entre canções, poesias, aplausos e choros, Emicida retornou à capital gaúcha no último sábado, dia 6, com a turnê “AmarElo - A Gira Final”, que encerra o projeto do álbum “AmarElo”, lançado em 2019. O rapper subiu ao palco do Pepsi On Stage acompanhado de sua calma costumeira e da arruda atrás da orelha. Com o carisma intrínseco, naturalidade no caminhar e discursos potentes, o show foi permeado por canções do álbum, por sucessos da sua carreira e por homenagens a outros artistas.

O experimento social, que foi fruto de uma parceria do Laboratório Fantasma com a Live Nation Brasil, somou 120 apresentações, passando por nove países e 55 cidades, e também ganhou o documentário na Netflix "AmarElo - É Tudo Pra Ontem". Ainda, conquistou o Grammy Latino em 2020, provando a dimensão social e cultural que “AmarElo” trouxe para os admiradores das palavras do artista, da cultura do rap e do hip hop, ou para quem quer escutar mensagens de amor, paz e espiritualidade. Porque, como já disse Emicida em entrevistas, a música que ele faz é como um diálogo com os fãs.

O show, que durou cerca de três horas, contou com a abertura de DJ Nyack, da rapper portoalegrense Cristal e do rapper pelotense Zudizilla, que definiu a oportunidade de abrir o show de Emicida como “começar o ano mais de uma vez”. Para ele, Emicida é como um combustível. “O Emicida solidificou o sonho de muita gente, como eu. Na verdade, eu só consegui acreditar na parada que eu faço porque vi um cara com mais vontade do que eu ainda”, diz.

A canção “É Tudo Pra Ontem” foi o carro-chefe de uma noite repleta de surpresas e emoções para o público, que mesclava diferentes gerações. Ao final dela, Emicida recitou a história de autoria de Ailton Krenak, que, na canção de estúdio, é narrada por Gilberto Gil. O rapper aproveitou a ocasião para lembrar o feito histórico da nomeação do filósofo indígena à Academia Brasileira de Letras (ABL). A plateia, emocionada ao fim da poesia entoada no meio da canção, sabia ali que a noite seria marcada de surpresas.

Emicida seguiu com “A Ordem Natural das Coisas”, em que fez uma homenagem a Cartola com a canção “Corra e olhe o céu”. Depois continuou com outros sucessos do setlist de “AmarElo” como “Quem tem um amigo tem tudo”, “Pequenas alegrias da vida adulta”, “Cananéia, Iguape e Ilha Comprida”, “Paisagem”, “Eminência Parda”, “Ismália”, música que traz fortes críticas sociais nos versos, “Principia” e, também, a música que dá nome ao álbum. A banda veio mais completa e com uma estrutura mais solidificada do que os shows do ano passado, passando por diferentes gêneros musicais e sonoridades.

Emicida também não deixou de fora as mais nostálgicas, como “Baiana”, “Madagascar” e “Boa Esperança”, do álbum “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa…” (2015). Também resgatou “Levanta e Anda”, do álbum de 2014 , “Triunfo”, de “Pra Quem Já Mordeu um Cachorro por Comida, até que Eu Cheguei Longe…” (2009) e “Ooorra”, do álbum “10 Anos de Triunfo” (2018). “Hoje Cedo”, parceria com Pitty, o rapper cantou junto com a guitarrista Michele Cordeiro, que já tocou na banda da própria Pitty, de Maria Rita e Paulo Miklos.

Foi uma noite de celebração, mas também de homenagens. Emicida transitou em trechos de “Nervos de Aço”, canção de Lupicínio Rodrigues. Depois, o rapper pegou sua flauta e puxou o sucesso “Carinhoso”, de Pixinguinha. Os fãs se juntaram à melodia do cantor em um grande coro emocionado. Ainda, Emicida trouxe trechos de “Another Brick In The Wall”, grande sucesso do Pink Floyd.

Em dado momento do show, Emicida pede para todos pararem e avisa que um fã desmaiou no meio da plateia. O espaço com lotação máxima quase dificultava a passagem dos bombeiros. Apesar do clima naquela noite estar ameno e fresco, era quente dentro do Pepsi. Assim que aconteceu o atendimento dos bombeiros, foi distribuída água gratuitamente para todos os presentes.

Emicida não economizou palavras para reverenciar o Rio Grande do Sul. Na tarde do dia do show, o artista visitou o Museu da Cultura Hip Hop, o primeiro da América Latina, localizado na Zona Norte de Porto Alegre. No show, o rapper relembrou a amizade com uma das mãos por trás da fundação do museu, Rafa Rafuagi. Também exaltou a presença da cultura negra no Estado. “Me orgulho de ter conhecido o Rio Grande do Sul preto”, ele disse, sendo aplaudido e ovacionado.

Reforçando a conexão com seu público, o rapper fez o esperado movimento de descer do palco e se deslocar até a plateia. Em uma mão, o microfone; a outra apertava as mãos de todos os que estavam na primeira fileira da grade e as dos que se esforçaram para esticá-la e tocar o artista. Uma atmosfera de emoções pairava no espaço e no público que repetia os versos entoados por Emicida, que também pode ser considerado um filósofo pelas palavras que profere. Uma declaração sua resume a noite: “Eu queria morar na aura desse espetáculo para sempre e acredito de verdade que a gente não faz isso sozinho, acredito muito que metade disso é a energia de vocês e a gente só colabora no diálogo entre as duas partes. Porto Alegre, muito obrigado pela energia nessa noite."

* Cobertura feita por Leticia Pasuch e Victória Rodrigues

* Supervisão de Luiz Gonzaga Lopes


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