Funcionários da construção civil protestam em Pelotas

Funcionários da construção civil protestam em Pelotas

Ato ocorre após uma série de denúncias de irregularidades nos pagamentos feitas ao sindicato da categoria

Angélica Silveira

Os trabalhadores realizaram uma paralisação em protesto por questões de pagamento na manhã desta quinta-feira

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Trabalhadores da construção civil paralisaram suas atividades na manhã desta quinta-feira em frente a um empreendimento da Porto5, localizado na Avenida Pinheiro Machado. "Realizamos uma paralisação no canteiro de obra de uma construtora. A mobilização envolve mais de três mil trabalhadores, com irregularidades", relata o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção e Mobiliário de Pelotas, Dercirio Cardoso da Silva Junior.

Ele exemplifica situações como a falta de recolhimento do fundo de garantia e do INSS, além de diferenças de reajuste da convenção coletiva que era para ter sido paga em janeiro. "Os pagamentos estão demorando em torno de 40 dias para os trabalhadores receberem. Outros com rescisões que não recebem desde o ano passado", completa.

Para Júnior não há uma transparência no repasse de pagamentos para terceirizadas. "Elas alegaram que não recebem da empresa para fazer pagamentos. O nosso departamento jurídico tentou mediar, dialogar. Há um mês um responsável pela empresa se comprometeu em resolver a situação e até agora nada", lamenta. O vice-presidente confirma que há trabalhadores com problemas de saúde, preocupados com a situação. " Foram cerca de três mil trabalhadores, familiares ligando e fomos atrás para saber da situação. Apareceu um representante da empresa disse que até ás 12h nos das posição sobre o pagamento. Caso não haja solução novos atos serão realizados na próxima semana", prometeu

As serventes Ednéia de Matos Furtado, de 43 anos e Paula Josiane Antunes Botelho, 40 anos foram demitidas em março e ainda não receberam os valores da rescisão. "Trabalhei 2 anos e 10 meses em várias obras da empresa. Eu fui demitida no último dia 21 e até agora não recebi e nem deram uma data para isto. Eu tenho filha de 10 anos e conta para pagar e eles só dizem que não tem dinheiro e eu tenho que arrumar emprestado para sobreviver", relata Ednéia.

Paula afirma que para sobreviver conta com o auxílio de vizinhos e familiares. "Trabalhei desde 2021 como servente de obra. Fui demitida dia 27 sem justa causa e não me pagaram nada e nem me deram previsão", confirma.

Por meio de nota, a Construtora Porto5 informou que trabalha há mais de 12 anos em Pelotas e região e sempre zelou pelo pagamento de suas obrigações com seus funcionários e prestadores de serviço. No início da manhã de hoje (quinta-feira), foi informada por seu setor de segurança, que um de seus canteiros de obra estava inacessível por um pequeno grupo de manifestantes acompanhado pelo Sindicato da Categoria, reivindicando pagamento de rescisões em atraso.

"Nesse contexto a Construtora Porto5 informa que sempre esteve aberta a diálogo e tem conversado, constantemente, com o Sindicato da Categoria, porém as reivindicações feitas fogem da sua alçada de resolução, uma vez que não são seus empregados diretos", diz a nota. A empresa também afirma que informou diversas vezes, para que não haja malefícios a esses funcionários, que o Sindicato busque a solução junto a empregadora que fez a contratação dessas pessoas e caso não tenha resposta, acione a Justiça. "Novamente, somos contra qualquer tipo de manifestação que incite inverdades e também somos contra a cercear direitos dos empregados, porém não podemos assumir uma responsabilidade que incumbe a outra empresa.", finaliza a nota.


Correio do Povo
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