Documentos vazados mostram que Allan dos Santos divulgou número de Moraes em live

Documentos vazados mostram que Allan dos Santos divulgou número de Moraes em live

Caso ocorreu em novembro de 2022

Estadão Conteúdo

Allan dos Santos é considerado foragido

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O blogueiro de extrema direita Allan dos Santos teve acesso ao número de celular do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, em meados de novembro de 2022, e tentou ligar para o magistrado com o objetivo de intimidá-lo durante uma transmissão ao vivo para os seus seguidores nas redes sociais. O registro consta de uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), assinada pelo juiz auxiliar da Presidência Marco Antonio Martin Vargas, onde Moraes exerce o cargo de presidente.

As informações integram a lista de documentos vazados nesta quarta-feira, 17, por deputados do partido Republicano dos Estados Unidos que integram a Comissão de Justiça da Câmara dos Representantes. O despacho ainda cita que Allan divulgou intencionalmente o número do ministro durante a tentativa de contatá-lo.

O ocorrido foi identificado pela Assessoria de Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE. O relatório do caso cita que a divulgação dos dados de Moraes "resultou no recebimento de diversas ligações e mensagens de cunho ofensivo e ameaçador, colocando em risco a segurança pessoal do ministro e de sua família".

"A partir dos fatos relatados, verifica-se o compartilhamento irregular de dados pessoais com a finalidade inequívoca de transferir, para a pessoa do ministro presidente, os ataques institucionais com base em desinformação que afetam a integridade do processo eleitoral, com o objetivo mediato de fomentar protestos antidemocráticos que visam à ocorrência de ruptura constitucional, mediante intervenção federal ou militar", afirmou o juiz Martin Vargas no despacho.

A exposição dos atos de Allan veio acompanhada de uma ordem para que a rede social Instagram removesse, no prazo máximo de duas horas, o perfil criado pelo blogueiro para realizar a live, sob pena de multa de R$ 150 mil. Também foi determinado que o X (antigo Twitter) removesse a publicação de uma conta que transmitiu os ataques ao ministro.

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Consta no documento que o relator do processo era o próprio ministro Moraes e que a parte interessada na decisão seria o TSE - ou seja, o magistrado teria instruído o processo do qual foi vítima. Além disso, a decisão partiu de um de seus juízes auxiliares no gabinete da Presidência do TSE. A decisão está incluída no rol de documentos sigilosos divulgados por parlamentares norte-americanos na esteira do conflito entre Moraes e o bilionário dono da plataforma X, Elon Musk.

De acordo com o STF, os documentos divulgados pelos deputados dos EUA não são as decisões fundamentadas que determinaram a retirada de conteúdos ou perfis, mas sim os ofícios enviados às plataformas para cumprimento da decisão. "Todas as decisões tomadas pelo STF são fundamentadas, como prevê a Constituição, e as partes, as pessoas afetadas, têm acesso à fundamentação", informou o Supremo, em nota.


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