Oxigênio para a Ucrânia

Oxigênio para a Ucrânia

“A mobilização passou a ser tão grande que a primeira reunião de trabalho se deu ainda nesta segunda-feira, pois entendem que não basta providenciar os tanques, é preciso também providenciar munição, peças de reposição e tudo o mais que a cadeia logística permita mantê-los e repará-los.”

Jurandir Soares

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Depois de quatro meses de espera, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, ouviu no fim de semana o que tanto queria: a aprovação pela Câmara dos Representantes dos Estados Unidos de uma ajuda de 60,8 bilhões de dólares para a Ucrânia. Recurso fundamental para o país se rearmar e buscar novamente fazer frente às forças russas, as quais, nos últimos meses, têm conseguido avançar dentro do território ucraniano. Esta ajuda estava travada devido à não aprovação pelos representantes republicanos, que atendiam pedido do ex-presidente Donald Trump, cuja filosofia é não ajudar ninguém, a não ser o próprio povo norte-americano. A mudança de posição deve ter a ver com a manifestação feita, pelo presidente russo, Vladimir Putin, afirmando que os EUA iriam sofrer na Ucrânia uma derrota mais vexatória do que a do Vietnã. Ou seja, pisou nos calos dos norte-americanos de um modo geral e, com isto, os republicanos se sentiram atingidos e resolveram mudar de opinião.

Mobilização

A mobilização norte-americana parece ter sido instantânea, pois, nesta segunda-feira, 22, já veio um anúncio emitido pela base aérea de Ramstein, situada no oeste da Alemanha, de que em breve serão treinadas tropas ucranianas para o manejo dos modernos tanques de combate Abrams. Também Berlim, Varsóvia e Kiev firmaram um acordo para colocar em marcha um centro de operações para recuperar os tanques Leopard 2. Irá operar em território polonês, o mais próximo possível da fronteira com a Ucrânia.

A mobilização passou a ser tão grande que a primeira reunião de trabalho se deu ainda nesta segunda-feira, pois entendem que não basta providenciar os tanques, é preciso também providenciar munição, peças de reposição e tudo o mais que a cadeia logística permita mantê-los e repará-los. Toda esta ação é desenvolvida pela chamada Coalizão dos Leopardos, que reúne Alemanha, Polônia, Espanha, Portugal e Finlândia, ou seja, todos os países que possuíam aquele modelo de tanque alemão e que decidiram oferecê-los à Ucrânia. Os primeiros 18 tanques Leopard 2 já chegaram à Ucrânia em fins de março.

Contraofensiva

A intenção da Ucrânia é desenvolver uma nova contraofensiva, agora que está começando a primavera no território europeu. Para isto está sendo desenvolvida toda esta mobilização. Curioso que a Ucrânia está pedindo também modernos aviões de combate para fazer frente aos russos. Porém, só o que recebeu até agora foram alguns exemplares dos velhos MIG-29, fabricados nos tempos da União Soviética. E os países que os forneceram são, logicamente, dois ex-integrantes da URSS, Polônia e Eslováquia.

Haverá também um reforço do Leopard 1, mais antigo, fabricado entre 1965 e 1985. Mas serão 100 unidades deles que estavam estocados, depois de terem sido reparados. O secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, anunciou que os Abrams, que se equivalem ao Leopard 2 alemão, chegarão à Europa nas próximas semanas. Serão 31 unidades. Logo em seguida começará o treinamento de soldados ucranianos para manejá-los. A chegada do blindado norte-americano foi uma exigência do primeiro ministro alemão Olof Sholz, que ameaçou só enviar o Leopard 2 se os EUA enviassem o Abrams.

Só para se ter uma ideia da importância da ajuda dos EUA para a Ucrânia, vale lembrar que os norte-americanos já forneceram 35 bilhões de dólares em ajuda e agora estarão mandando mais 60,8 bilhões de dólares. A Europa toda mandou até agora 55 bilhões de dólares. Em meio à euforia pela substancial ajuda, Zelensky já pensa à frente e ressalta que todo este reforço servirá para quando a Ucrânia passar a fazer parte da OTAN. Vale lembrar que esta intenção do dirigente ucraniano foi um dos motivos que levaram Putin a invadir a Ucrânia. E cabe salientar também que, diante de tanta mobilização e do tempo que demanda para a ajuda chegar, se pode deduzir que esta guerra, que amanhã completa dois anos e dois meses, vai se estender ainda por um bom período.


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