Em condição crítica, Rio Gravataí tem a captação de água suspensa pelo Estado
Medida anunciada pelo governo do Estado restringe todos os tipos de captação que não sejam para abastecimento da população

Em condição de alerta desde o dia 19 de janeiro, a situação do Rio Gravataí foi elevada para crítica após monitoramento realizado na terça-feira, que apontou o nível da água em 1,29m na estação de captação da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) em Alvorada.
A condição crítica vale quando o nível do Gravataí atingir valores abaixo de 1,3m na estação da Corsan de Alvorada e abaixo de 0,50m na captação Corsan de Gravataí. Nela, ocorre a suspensão de todos os tipos de captação para todos os usos, com exceção apenas para o abastecimento da população.
A suspensão foi anunciada ainda na noite de terça pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), responsável pelas leituras diárias do nível dos rios Gravataí e Sinos, através do Departamento de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS). A determinação vale enquanto for mantida a condição crítica do nível do Gravataí, atendendo a uma portaria da Sema.
Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí (Comitê Gravatahy), Sérgio Cardoso, a proibição da captação reforça a necessidade de realização das obras anunciadas recentemente pelo governo federal, como a drenagem na bacia do manancial. “Diante do que todos os anos enfrentamos pela falta d’água, a solução está posta com o investimento na bacia do Gravataí, sendo R$ 2,5 bilhões em Alvorada e 450 milhões para os minibarramentos. Precisamos, urgentemente, fazer a reservação de água para poder atender a população da região metropolitana de Porto Alegre”, afirma.
Nesta semana, em áreas como o balneário Passo das Canoas, já é possível visualizar o baixo volume de água. Assim, bancos de areia ficas expostos e as margens passam por transformações, exibindo vegetação, raízes e o lixo acumulado. Conforme Cardoso, a situação ocorre por uma série de fatores, como o aumento do consumo urbano, escassez das chuvas e utilização pela agricultura, incluindo captações irregulares flagradas no Gravataí e que foram alvo de uma notificação administrativa nesta semana.
Conforme a Corsan, apesar da mudança na elevação da gravidade da condição do rio, ainda não há impacto para a população. Em nota, a empresa ressalta que tem realizado um plano amplo de resiliência hídrica, que envolve medidas já executadas e em execução.
As ações buscam combater impactos causados por fatores climáticos ao sistema de abastecimento, como períodos de estiagem e também de enchentes. “Nos últimos meses, foram realizados perfuração de 19 poços artesianos, com o objetivo de reduzir a dependência de captações superficiais dos rios que sofrem mais com a variação climática e a interligação de sistemas”, informa a companhia.
Também de acordo com a Corsan, diariamente as equipes da companhia acompanham a situação dos mananciais em várias regiões do Estado, como é o caso do Gravataí, onde, até o momento, não há registro de prejuízo à captação de água para a população da Região Metropolitana.
Mesmo com a negativa da possibilidade de falta de abastecimento, pessoas que moram nas proximidades do Rio Gravataí e acompanham diariamente a situação do manancial, relatam o receio de ficar sem água.
Nesta semana, a Prefeitura fez um alerta à população, pedindo para que os moradores de Gravataí evitem o desperdício. Além disso, a população foi orientada a utilizar a água de forma consciente e informou que está em vigor um decreto municipal que estabelece regras para o uso da água.
São consideradas infrações, por exemplo, manter instalações com vazamentos, fazer uso de mangueira, lava jato, entre outros similares para lavar veículos, calçadas, paredes, pisos, janelas e telhados de prédios públicos ou privados, comerciais ou particulares. Em caso de descumprimento das medidas, a multa pode chegar a R$ 535.
A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) foi procurada para falar sobre a suspensão da captação de água, porém, até o fechamento desta matéria, ainda não havia se manifestado.