Em condição crítica, Rio Gravataí tem a captação de água suspensa pelo Estado

Em condição crítica, Rio Gravataí tem a captação de água suspensa pelo Estado

Medida anunciada pelo governo do Estado restringe todos os tipos de captação que não sejam para abastecimento da população

Guilherme Sperafico
Condição do Rio Gravataí passou a ser considerada crítica nesta semana

Condição do Rio Gravataí passou a ser considerada crítica nesta semana

Em condição de alerta desde o dia 19 de janeiro, a situação do Rio Gravataí foi elevada para crítica após monitoramento realizado na terça-feira, que apontou o nível da água em 1,29m na estação de captação da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) em Alvorada.

A condição crítica vale quando o nível do Gravataí atingir valores abaixo de 1,3m na estação da Corsan de Alvorada e abaixo de 0,50m na captação Corsan de Gravataí. Nela, ocorre a suspensão de todos os tipos de captação para todos os usos, com exceção apenas para o abastecimento da população.

A suspensão foi anunciada ainda na noite de terça pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), responsável pelas leituras diárias do nível dos rios Gravataí e Sinos, através do Departamento de Recursos Hídricos e Saneamento (DRHS). A determinação vale enquanto for mantida a condição crítica do nível do Gravataí, atendendo a uma portaria da Sema.

Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí (Comitê Gravatahy), Sérgio Cardoso, a proibição da captação reforça a necessidade de realização das obras anunciadas recentemente pelo governo federal, como a drenagem na bacia do manancial. “Diante do que todos os anos enfrentamos pela falta d’água, a solução está posta com o investimento na bacia do Gravataí, sendo R$ 2,5 bilhões em Alvorada e 450 milhões para os minibarramentos. Precisamos, urgentemente, fazer a reservação de água para poder atender a população da região metropolitana de Porto Alegre”, afirma.

Nesta semana, em áreas como o balneário Passo das Canoas, já é possível visualizar o baixo volume de água. Assim, bancos de areia ficas expostos e as margens passam por transformações, exibindo vegetação, raízes e o lixo acumulado. Conforme Cardoso, a situação ocorre por uma série de fatores, como o aumento do consumo urbano, escassez das chuvas e utilização pela agricultura, incluindo captações irregulares flagradas no Gravataí e que foram alvo de uma notificação administrativa nesta semana.

Conforme a Corsan, apesar da mudança na elevação da gravidade da condição do rio, ainda não há impacto para a população. Em nota, a empresa ressalta que tem realizado um plano amplo de resiliência hídrica, que envolve medidas já executadas e em execução.

As ações buscam combater impactos causados por fatores climáticos ao sistema de abastecimento, como períodos de estiagem e também de enchentes. “Nos últimos meses, foram realizados perfuração de 19 poços artesianos, com o objetivo de reduzir a dependência de captações superficiais dos rios que sofrem mais com a variação climática e a interligação de sistemas”, informa a companhia.

Também de acordo com a Corsan, diariamente as equipes da companhia acompanham a situação dos mananciais em várias regiões do Estado, como é o caso do Gravataí, onde, até o momento, não há registro de prejuízo à captação de água para a população da Região Metropolitana.

Mesmo com a negativa da possibilidade de falta de abastecimento, pessoas que moram nas proximidades do Rio Gravataí e acompanham diariamente a situação do manancial, relatam o receio de ficar sem água.

Nesta semana, a Prefeitura fez um alerta à população, pedindo para que os moradores de Gravataí evitem o desperdício. Além disso, a população foi orientada a utilizar a água de forma consciente e informou que está em vigor um decreto municipal que estabelece regras para o uso da água.

São consideradas infrações, por exemplo, manter instalações com vazamentos, fazer uso de mangueira, lava jato, entre outros similares para lavar veículos, calçadas, paredes, pisos, janelas e telhados de prédios públicos ou privados, comerciais ou particulares. Em caso de descumprimento das medidas, a multa pode chegar a R$ 535.

A Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) foi procurada para falar sobre a suspensão da captação de água, porém, até o fechamento desta matéria, ainda não havia se manifestado.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895