Mulher usou cartão de morto e vendeu churrasquinho enquanto corpo estava no freezer em Quintão
Ana Alice da Rocha está presa temporariamente e nega envolvimento na morte de Milton Prestes da Silva, 55 anos, que teve corpo esquartejado e mantido dentro de freezer

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Ana Alice da Rocha, 47 anos, suspeita de participação no assassinato do companheiro, Milton Prestes da Silva, 55, teria feito compras com um cartão de crédito que pertencia a ele durante o período em que o corpo dele foi mantido dentro de um freezer, em Quintão, na cidade de Palmares do Sul, no Litoral Norte.
A mulher também teria continuado a trabalhar em uma banca de churrasquinhos que mantinha com a vítima. Além dela, o filho também é investigado por envolvimento no crime, sendo que ambos estão presos.
Nesta segunda-feira, a Polícia Civil confirmou as informações.
O casal morava e vendia churrasquinhos em um imóvel na rua Visconde de São Leopoldo. Foi ali que, na última terça-feira, o cunhado e um vizinho de Milton localizaram o cadáver, esquartejado e carbonizado, no interior de um freezer.
De acordo com o delegado Antônio Carlos Ractz Júnior, a mulher teria utilizado o cartão de crédito da vítima para fazer compras em um supermercado. Além disso, para explicar a ausência do companheiro, ela teria dito que Milton estava em visita na casa de parentes.
"Por se tratar de um casal, o fato dela ter utilizado o cartão de crédito não seria algo incomum. O estranho é ela ter feito compras e mantido a venda de churrasquinhos, durante todo o tempo em que o corpo do Milton ficou escondido no freezer, como se nada tivesse acontecido”, avaliou o delegado Antônio Carlos Ractz.
Conforme o delegado, havia sacos com cimento no entorno do corpo da vítima. A mulher ainda teria pedido uma pá emprestada a vizinhos e cavado buracos no pátio. Ractz desconfia que o plano era cimentar o cadáver e enterrá-lo na propriedade.
No sábado, Ana Alice se apresentou na DP de Torres e foi presa temporariamente. Ela nega participação no crime. Segundo os policiais, ela chorou bastante enquanto era ouvida.
A mulher teria dito no depoimento que, em 27 de fevereiro, último dia em que Milton foi visto com vida, ingeriu remédios de uso controlado para dormir. O argumento é que isso a teria deixado desnorteada ao longo de dias, o que impediria de lembrar dos fatos.
Um homem de 23 anos, filho de Ana Alice, confessou a autoria do crime. Ele foi detido em Gramado, na Serra, cerca de 10 horas após o corpo de Milton ter sido encontrado. Os antecedentes dele somam tráfico de drogas, porte ilegal de arma de fogo e corrupção de menores, entre outros delitos.
O suspeito alega ter assassinado o padrasto a golpes de faca. A motivação dele seria defender a mãe, que, supostamente, sofria violência doméstica. Ele a isentou de qualquer envolvimento no crime.
O delegado Antônio Carlos Ractz enxerga contradições nos depoimentos. Ele afirma não haver registros policiais de agressão e nem relatos sobre violência doméstica entre o casal.
Outro ponto que gera desconfiança no delegado é o fato do preso ter sequelas de tiro, o que o faz utilizar cadeira de rodas e muletas para locomoção. Isso, no entendimento de Ractz, colocaria em xeque a hipótese dele ter cometido o crime por conta própria. Não é descartada a participação de uma terceira pessoa no caso.
As atitudes iniciais da companheira de Milton também deixaram os policiais em alerta. Ao ser questionada por conhecidos sobre o paradeiro dele, momentos antes do corpo ser localizado, ela embarcou em um Volkswagen Gol e fugiu. Depois, abandonou o carro no entorno da Lagoa do Quintão.
Havia uma serra e um serrote no porta-malas. Também foram encontrados pedaços de carvão queimado. Ela foi procurada por quase cinco dias antes de se entregar.
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Em nota, o advogado Wesley Altneter, que representa Ana Alice da Rocha, disse que ela coopera com a investigação. O comunicado enfatiza que a investigada “não possui qualquer participação” no crime apurado.
Leia a nota da defesa de Ana Alice da Rocha
A defesa de Ana Alice da Rocha reconhece a gravidade e a brutalidade do caso, que chocou a comunidade. No entanto, reforçamos que ela não possui qualquer participação no homicídio em apuração. Desde o início, Ana Alice tem colaborado com as autoridades, prestando esclarecimentos e se colocando à disposição para contribuir com a investigação.
Nos próximos dias, novos documentos e elementos probatórios serão anexados ao inquérito, trazendo mais esclarecimentos sobre os fatos e reforçando sua posição. Confiamos que, ao longo da investigação, a verdade será devidamente esclarecida.
Wesley Altneter
Advogado