Atraso em pagamentos de médicos gera suspensão de atendimentos e de novas internações no HU
Profissionais aguardam a quitação de pagamento que deveria ter sido feito na semana passada
Os médicos prestadores de serviço que atuam no Hospital Universitário (HU) de Canoas decidiram pela suspensão dos atendimentos ambulatoriais e de novas internações em razão do não cumprimento da promessa de que os pagamentos seriam realizados ainda na segunda-feira. Casos de urgência, emergência e atendimentos aos pacientes já internados não serão afetados.
O coordenador da Região Metropolitana do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Daniel Wolff, explica que os profissionais já haviam anunciado a mobilização a partir do dia 7 de dezembro. Entretanto, um comunicado da direção apontou que seriam feitos os pagamentos integrais de todos os médicos até o dia 9, o que não aconteceu.
“A situação dos médicos é crítica. Eles deveriam ter recebido setembro no dia 15 de novembro e, até agora, isso não ocorreu. Problema que se agrava com as precárias condições de trabalho, pois faltam insumos importantes para cirurgias cardíacas, a exemplo de marcapassos, além de que os pacientes ficam internados esperando pelos procedimentos”, lamenta o diretor do Simers.
O hospital está sob intervenção municipal. Conforme dados do Sindicato Médico, apenas alguns CLTs estão em dia e as férias de todos foram canceladas. Depósito do FGTS não está sendo realizado. Médicos prestadores de serviço deveriam ter recebido o mês de setembro no dia 15 de novembro. O pagamento de setembro foi prometido para o dia 5 de dezembro e o de outubro seguindo o contrato, no dia 15. Outra questão que preocupa os profissionais é que para janeiro de 2025 está prevista a troca da gestão, quando sai a Fundação Educacional Alto Médio São Francisco (Funam) e entra Associação Saúde em Movimento (ASM). O Simers pede transparência sobre o processo.
Diretor geral do HU, Jorge Mendes Ribeiro Bopp, lembra que o hospital é referência em alta complexidade para 156 municípios gaúchos e informou que a paralisação, que começou na noite de segunda-feira, não aconteceu de forma massiva. “Foi pontual e os procedimentos acontecem normalmente dentro do hospital. Estamos recebendo pacientes e os atendimentos ambulatoriais transcorrem de forma normal. A ação é isolada.” Segundo ele, o que aconteceu ainda no turno da noite foi o não recebimento de pacientes que estão na retaguarda para o segundo andar, um problema apenas de fluxo interno.
Conforme Bopp, os procedimentos eletivos devem ocorrer de forma regular nesta terça-feira. “Eu tenho convicção que através do pagamento ao longo do dia os atendimentos retornarão 100%. Não tivemos nenhum problema do atendimento à população no que diz respeito a assistência.” Sobre os atrasos nos pagamentos, o diretor explica que a partir da emissão da nota, o pagamento ocorre 60 dias após a emissão, pois é preciso fazer a conferência. O diretor admite que as notas emitidas em setembro deveriam ter sido pagas na última sexta-feira, mas houve um problema com a agência bancária. Bopp garante que não faltam insumos e que o atendimento ao paciente que busca os serviços de saúde é prioridade.