Símbolo de Torres, primeira guarita de guarda-vidas do RS sente efeitos do tempo e da falta de manutenção
Plataformas de observação conhecida como Torreão foi construída em 1953; restauração foi iniciada em 2022, mas parou por problemas na licitação
Estrutura que já foi um dos símbolos de Torres, a primeira guarita de guarda-vidas em alvenaria construída no município resiste ao tempo, mas depende de reforma para continuar em pé. Entre projetos e entraves, a plataforma erguida em 1953 na Praia Grande, aguarda seu desfecho escorada por reforços metálicos e pilares de madeira que buscam amenizar o risco de desabamento.
O Torreão, ou Monumento ao Salva-Vidas, como é conhecido, também é um dos pioneiros do litoral Norte. E além de ser inteiramente feito em concreto armado, possui traços diferenciados, ao estilo de postos de observação adotados por praias de países como Estados Unidos e Austrália.
Outra característica é que ele não está tão próximo do mar quanto às estruturas atualmente disponibilizadas aos guarda-vidas. Ainda é mais alta, mais larga e não possui paredes laterais.
“Tem uma cara diferente, parece daquelas séries norte-americanas”, compara a estudante de medicina Ana Cláudia de Castro Moraes, 26 anos, moradora de Porto Alegre.
Já o aposentado Jamilton Gonçalves Pedrozzo, 69 anos, enxerga o monumento com saudosismo. Ele recorda que a avó materna tinha casa em Torres e que os verões na Praia Grande, segundo ele, “eram mais charmosos”.
“A cidade cresceu na volta. Vieram os apartamentos, derrubaram as casinhas e beira da praia ganhou asfalto. Daqueles anos (década de 1950) só restou o Torreão, e infelizmente ele está neste estado”, diz Pedrozzo.
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Recuperação esbarrou na Justiça
Para que este pedaço da história do litoral Norte possa continuar vivo, é necessária a recuperação completa da estrutura. O processo iniciou em março de 2022, contudo o Ministério Público questionou o modelo de contratação, por contrapartida.
Na época, a estrutura foi cercada e foram realizados o escoramento e um escaneamento para avaliar as condições da ferragem e outros elementos que compõem a construção. Porém, de acordo com a prefeitura de Torres, uma nova licitação terá que começar do zero, o que ainda não tem prazo para ocorrer.
O técnico em elétrica Gilberto Lima Prates, 44 anos, não é do tempo do Torreão. Visitando a praia apenas pela terceira vez, quase nem percebeu o outrora monumento, hoje “espremido" entre quiosques da avenida Beira-Mar e escondido por tapumes.
“A gente passa aqui e nem imagina que tenha sido algo importante. É curioso saber da história dele, tomara que consigam recuperar e que volte a ser usado para algo, quem sabe uma atração turística”, desejou.