Notificações de ferrugem asiática da soja apontam maior risco de doenças na safra
Monitoramento registra 30 notificações na temporada, contra 44 no ciclo passado
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Condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática da soja (FAS), aumentam o risco de incidência da doença e exigem atenção dos produtores gaúchos. Circular técnica divulgada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) nesta sexta-feira, com dados do monitoramento da enfermidade nas safras 2021/2022 e 2022/2023, mostra que houve aumento no número de esporos detectados em lavouras acompanhadas pelo programa Monitora Ferrugem RS. “No ano passado, tivemos 44 notificações da doença no Estado durante toda a safra. Este ano, no início de janeiro, já estamos com 30 notificações”, confirma a doutora em fitopatologia Andréia Mara Rotta de Oliveira, responsável técnica pelo Laboratório de Fitopatologia do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Seapi e uma das autoras da publicação.
O Monitora Ferrugem cobriu 50 lavouras na safra 2021/2022 e 50 e abrange 54 no ciclo 2022/2023, em 48 e 46 municípios, abrangendo nove das 11 regiões ecoclimáticas do Estado. A perspectiva meteorológica de mais chuva neste verão amplia o alerta no campo. Na atual safra, o Rio Grande do Sul adotou pela primeira vez o vazio sanitário, de 13 de julho a 10 de outubro de 2023, como medida fitossanitária para o controle da FAS, com pelo menos 90 dias sem a cultura e plantas voluntárias no campo. Na circular da Seapi, tabelas mostram que foram detectados mais uredósporos do fungo P. pachyrhizi na atual safra, em comparação à temporada passada.
Vazio sanitário
“De fato, houve aumento, mas é importante destacar que houve detecção de esporos na primeira semana do monitoramento da safra 2021/2022, enquanto que, após a adoção do vazio sanitário, embora a quantidade detectada seja maior, a detecção só ocorreu a partir da terceira semana, e isso é um dado importante”, diz Andréia. A pesquisadora lembra que o acréscimo deve ser creditado ao fator climático, além da existência de pelo menos outros 96 hospedeiros alternativos que contribuem para a sobrevivência do fungo na entressafra. “Mesmo que a gente adote o vazio sanitário, há coisas que fogem um pouco do controle. Tendo clima favorável e o fungo presente, mesmo que sejam poucos focos da doença, ela se prolifera rapidamente. Como consequência, a gente vai ter detecção maior dos esporos do fungo”, explica.
Na safra 2021/2022, o desenvolvimento do fungo e a detecção de esporos foram dificultados pelo cenário de estiagem. Andréia salienta que os pesquisadores ainda não têm dados sobre quantidade de esporos analisados e comparados, porque o monitoramento ainda está em andamento. Mas os efeitos do El Niño são amigáveis para a doença. “Caso o clima continue com alta umidade, possivelmente vamos ter mais ocorrência de ferrugem este ano”, alerta Andréia.
A ferrugem asiática é causada pelo fungo P. pachyrhizi, e seu monitoramento a campo é feito com coletores de esporos. “É uma prática de manejo que permite a detecção dos uredósporos do fungo que são disseminados pelo vento, antes do desenvolvimento dos sintomas da doença”, detalha Andréia. A avaliação de risco potencial de epidemias da FAS é feita com monitoramento da presença do patógeno, associado às informações das condições climáticas favoráveis a infecções pelo fungo no decorrer da safra, durante todo o desenvolvimento da cultura. As informações servem de alerta para o produtor inspecionar a lavoura em busca de focos da doença e iniciar o controle químico antes que a doença atinja o limiar de dano econômico.
Acesse aqui a íntegra da Circular Técnica nº 18.